quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

DIAGNÓSTICO

Ao receber um diagnóstico como câncer, são muitas as reações,pensamentos, emoções. As reações mais frequentes são: ansiedade; depressão; raiva; hostilidade. Perguntas: " Por que comigo?", "O que vai acontecer?", "Vou morrer?", "Tem cura?".
É realmente um grande choque.O câncer é uma doença estigmatizada, como sendo dolorosa, incapacitante, mutilante e mortal. Gera traumas psicológicos, perda da auto-estima, sentimentos de culpa e impotência.
Quando o diagnóstico é confirmado e no exato momento em que o paciente recebe a notícia, é gerado o trauma. Todo o sistema nervoso é ativado e corpo e mente registram a notícia, cristalizando-a. Talvez seja uma das piores lembranças e dos piores momentos no decorrer de toda a trajetória da doença.
O impacto da noticia, causa um turbilhão de emoções e mudanças no comportamento. Passa a ser um divisor de água, a vida antes do câncer e após. Tudo se transforma, as alterações na vida são muitas, como o lazer, a família, o trabalho, o dia a dia. as dúvidas, as limitações, o medo, o sofrimento...
A incerteza quanto ao futuro, quanto a extensão da doença, tudo gera efeitos traumáticos que precisam ser trabalhados
É muito difícil de uma hora para outra saber que uma doença como essa está invadindo o corpo, sorrateiramente, traiçoeiramente. Algumas mulheres tem a reação da negação,uma certa alienação, como se não tivesse acontecendo, "não cai a ficha".
Mas é preciso livrar-se do câncer, aceitar a doença e procurar fazer tudo que for necessário para buscar a cura, aquilo que não presta jogamos fora, então buscar a remoção cirúrgica e o tratamento adequado, mesmo sabendo das limitações, das perdas, das dores, enfim lutar e viver.
Primeiro aceitar, depois buscar ajuda de profissionais que transmitam segurança, apoio da familia, dos amigos, companheiro, tirar dúvidas, acreditar, confiar.
Tem mulheres que se fecham numa dor profunda, outras querem saber tudo, e buscam ajuda com outros pacientes, com médicos ou com o Dr. Google. Mas não devem exagerar na pesquisa, porque nem tudo se aplica e a intenção tem que ser buscar resultados positivos e não encher de "caraminholas" a "cachola" e querer se enquadrar em todos os quadros e em achar que vai ter todas as reações e efeitos colaterais.
A quimioterapia, a radioterapia, a cirurgia, cada caso é um caso, fiquemos sempre com os mais leves. na internet achamos coisas boas que nos dá alento, conforto mas também encontramos muita coisa ruim, assustadora. Procurem riscar as palavras como: sobrevida, índice de sucesso, percentual de risco, digam sempre "comigo vai ser diferente", "vou ficar bem"," vai dar tudo certo".
Procurem informações que te ajudem e não que te ponham para baixo, mesmo que a curiosidade aguce, descarte, não se deixe impregnar pelo negativo. As trocas, os desabafos são ótimos, mas procure trocas positivas. Procurar atenuar os impactos emocionais.
Aceitar a doença não como sendo uma sentença, mas como algo que tem que ser vivido e buscar os meios para ser superada.



MINHA EXPERIÊNCIA

Eu sempre fiz ultra som mamário e mamografia anualmente, meus últimos exames tinham sido feitos em dezembro de 2011, onde tinha dado um nódulo BIRADS 3, que já vinha aparecendo e sendo observado sem que houvesse nenhuma alteração. Seis meses após, em junho, arrumando algumas apostilhas peguei no exame e senti uma sensação desagradável e era como se algo dentro de mim dissesse para eu repetir o exame. Liguei na mesma hora para marcar e pedi que agendasse com qualquer médico que tivesse disponibilidade de horário mais próximo, já que o médico com quem eu sempre fazia só teria agenda após um período de dois meses. Segui a minha intuição, que para mim foi uma sinalização divina.
Fiz o ultra som e o médico não gostou do aspecto, BIRADS 4, indicando uma punção, que marquei imediatamente com o médico já conhecido que me encaixou na sua agenda e me indicou um mastologista. Dupla fantástica, competentes e muito interessados na comprovação de um diagnóstico que insistia em não aparecer, mas que pela experiência deles já achavam que tinha tudo para ser maligno e me sinalizaram quanto a isso. Estava com minha filha e saímos dali praticamente sabendo que seria. Fomos almoçar em seguida fui para o trabalho, onde comentei com algumas pessoas, não pensei em nada, teria que aguardar e eu tenho minha fé que me acompanha. Fiz punção, core biopsy que deram não determinado. Lógico que fiquei preocupada, esperançosa, ansiosa.  Foi então marcada uma cirurgia para retirada do nódulo, que acusou um Carcinoma.
Pela primeira vez peguei um exame e não abri, deixei para o médico. Estava ansiosa e entreguei a Deus, se fosse para passar por isso que eu tivesse calma, confiança e força. Em todos os exames realizados, sempre pratiquei EFT, que é uma técnica de acupuntura sem agulha, trabalhava respiração, e observava as reações do meu corpo, para analisar a sua linguagem. Orava bastante, conversava com pessoas que torciam por mim.
Mas voltando ao resultado do exame, estava com a minha filha na recepção da clinica e comecei a fazer EFT, que me tranquilizou, todas as vezes em que fazia a técnica sempre procurei trabalhar a minha tranquilidade, confiança. E recebi o diagnóstico de forma bastante tranquila, tirei dúvidas com o médico e realmente, graças a Deus em nenhum momento fiquei descontrolada, sem esperança e angustiada. É claro que  às vezes ficava triste e se desse vontade chorava, mas continuei com minha rotina de vida.
Marcamos a mastectomia. Me preparei emocionalmente para esta perda, mas me sentia muito tranquila, parecia que eu tinha consciência que iria passar por tudo isso e que era necessário. Trabalhei as emoções das  pessoas que convivem comigo e todos ficaram bem, diria que todos nós ficamos bem até demais. Tirando as sensações, limitações, dores, noites mal dormidas, emocionalmente e psicologicamente sempre estive muito bem, às vezes até esqueço o que está acontecendo e não é uma negação nem uma auto-defesa, porque já teria desmoronado.
Voltei a atender que é o que realmente eu gosto de fazer e me sinto muito bem. Estou buscando o "para que", sabendo que nada é por acaso. Aproveitando a oportunidade para refletir, buscar estabelecer um contato mais profundo comigo e com as pessoas, aprimorando os sentimentos, buscando qualidade de vida,   prazeres, harmonização interior e refazendo a caminhada. (Virgínia Melo)